Marcos Olgário

Nesta semana, a Rádio Nacional de Angola, por via do seu espaço Desportivo, às 13h30, ouviu alguns deputados na Assembleia Nacional, que lamentaram à falta de verbas para a preparação dos Palancas Negras que vão evoluir no Campeonato Africano das Nações (CAN), a ser disputado em Janeiro de 2024. Odeth Tavares, Deputada da Bancada Parlamentar do MPLA, mostrou-se preocupada dado ao silêncio do Ministério da Juventude e Desportos, tendo referido que por esta altura tudo já estaria disponível para uma preparação exitosa de Angola. «Já é tarde porque o CAN arranca já em Janeiro. A selecção precisa fazer um bom estágio, pois, o desporto “é dia-a-dia”. Se até agora não há valores, complica. Não sabemos em que ponto está a situação, porque é o Ministério da Juventude e Desportos que disponibiliza as verbas para as federações», disse. Na mesma linha de pensamento esteve o Deputado da Bancada Parlamentar da UNITA, Olívio Kilumbu, que considerou crítico o momento dos Palancas Negras que vão à Costa do Marfim. «É grave porque a alta competição exige preparação de alto nível. O rendimento das equipas depende, em grande medida, da capacidade financeira que é atribuída às federações. Já houve momentos em que esta competição teve disponibilidade financeira estratosférica. Por quê que hoje já não há?», questionou. No último Domingo, Pedro Gonçalves, técnico da selecção angolana de futebol, divulgou os 23 eleitos que estarão no Campeonato Africano da Costa do Marfim, onde fará a sua 8ª participação, porém, Artur Vilinga, Director Financeiro da Federação Angolana de Futebol, disse, na ocasião, que a FAF está a procura de soluções financeiras para participar na prova. «Nós estamos aqui a envidar esforços junto do Ministério da Juventude e Desportos e dos nossos parceiros para que tenhamos um orçamento à altura para os Palancas Negras», disse. Angola tem em agenda dois jogos de preparação antes do CAN da Costa do Marfim. Entretanto, Bahrein será o primeiro adversário dos Palancas Negras, ao passo que o segundo poderá ser a RDC ou Egipto, ainda por se confirmar, num estágio previsto no Dubai. Angola está grupo D com as selecções do Burkina Faso, Argélia e Mauritânia.

Numa longa entrevista concedida ao conceituado jornal italiano Corriere Dello Sport, nesta Sexta-feira, 08, Pedro Gonçalves, treinador dos Palancas Negras, falou durante a entrevista do momento actual dos jogadores angolanos que actuam na Itália. Para o técnico nacional, M’Bala Nzola dará muitas alegrias aos adeptos da Fiorentina, apesar da fase menos boa que o avançado angolano está viver. «Ele mudou de vida durante o verão e a adaptação à nova realidade não foi automática. Em Florença as coisas não são tão fáceis como em La Spezia e Nzola, talvez, não o tenha previsto. Mas é um desafio que ninguém lhe impôs: ele quis e tenho a certeza que vai querer vencer», disse. Para Pedro Gonçalves, Nzola é um atleta com grande qualidade, por isso continua sendo acompanhado pela sua equipa técnica. «Ele é um menino tímido. A altura e a massa muscular de M’Bala podem, talvez, ser assustadoras, mas por dentro ele é um menino bom e introvertido. Ele deve sentir a confiança ao seu redor para se expressar da melhor forma e provavelmente ainda não sente isso completamente. Minha equipe e eu não perdemos uma única partida dele», afirmou. Já a pensar na convocatória para o CAN da Costa do Marfim, que arranca em Janeiro próximo, Pedro Gonçalves admitiu a possibilidade de contar com o avançado da Fiorentina. «Seguimos-o porque ele sabe que pode ser convocado para a selecção nacional, especialmente agora que estamos perto da Taça das Nações Africanas. Já chamei muitas vezes o M’Bala para a selecção nacional, por isso ninguém acredita mais nas suas qualidades do que eu. Ele não jogou algumas vezes, mas considero-o um jogador fundamental», admitiu. Pedro Gonçalves disse que se M’Bala Nzola jogar o CAN pode elevar o seu autoestima. «A perspectiva de voltar a jogar pelo seu país certamente o ajudará. Para nós esta é a nona participação e já é importante estar lá. Entrar em campo representando Angola permite aqueles que nos assistem para apreciar como ele está progredindo no futebol nesta nação», almejou. O seleccionador nacional deixou um conselho ao avançado nascido em Cabinda, que procura se adaptar na sua nova equipa. «Minha receita é uma só, isole-se de tudo e trabalhe passo a passo, como repeti várias vezes para ele. O potencial está aí, está aí para todos verem. Basta ver a qualidade do golo que ele marcou contra o Parma», aconselhou. Por outro lado, Pedro Gonçalves sente-se satisfeito pelo facto de no seu reinado vários jogadores angolanos evoluírem para o futebol europeu. «Pode ser uma coincidência, mas durante os meus três anos como seleccionador, onze jogadores se mudaram de Angola para jogar na Europa: para mim esta é a maior vitória, embora muitos os clubes, incluindo os italianos, não gostam muito do facto deste torneio ser disputado em Janeiro», regozijou.

Os 27 jogadores para a operação Campeonato Africano das Nações (CAN) 2023, a ser disputado de 11 de Janeiro a 13 de Fevereiro, na Costa do Marfim, podem ser anunciados na primeira semana do mês de Janeiro, segundo apurou a redacção do Bola Em Campo de fonte ligada à Federação Angolana de Futebol (FAF). Segundo apurações deste portal, Pedro Gonçalves já tem a pré-lista definida dos jogadores que poderão estar presentes na maior cimeira do futebol africano. Nomes como: Zito Luvumbo, Fredy, Ivan Cavaleiro, Neblú, Show e Gilberto fazem parte da lista do técnico nacional que irá anunciar a convocatória final em conferência de imprensa, a ser realizada em Luanda. Quanto aos objectivos para os Palancas Negras, nesta competição passa pela passagem às meias-finais, segundo afirmou fonte deste portal. Prémios de jogos CAN 2023—————— Sobre os prémios de jogos e diárias, a Federação Angolana de Futebol, presidida por Artur de Almeida e Silva, ainda não definiu. Sabe também o BEC que a FAF esmera-se para encontrar apoios para as despesas inerentes à prova, a ser disputada na Cotê dIvoire. Todavia, os Palancas Negras ainda não têm definido o local de estágio, embora haja uma abertura da embaixada angolana na Costa do Marfim, para que a preparação decorra naquele país.