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Sem rodeios, Alexandre Canelas revelou que a direcção do Interclube gere, por época, um orçamento na ordem dos dois milhões de dólares norte-americanos. Todavia, o presidente do clube fez saber que este orçamento, em parte, serve para liquidar despesas salariais, estimadas em 60%.
O responsável da equipa do Ministério do Interior, que falou nesta quinta-feira, 27, em exclusivo para o Canal 2 da Televisão Pública de Angola (TPA), explicou que o orçamento que tem não é um “mar de rosas”, atendendo à flexibilidade do mercado.

«60% deste valor serve para suportar salários. E nós aqui estamos alinhados a uma norma da União Europeia, que diz que a folha salarial não pode ser superior a 70% dos recursos. Mas temos aqui também uma realidade diferente: o custo de vida é muito alto, as coisas aqui são todas importadas e, quando importamos um bem, há outros custos que decorrem disso, como transporte, direitos aduaneiros e outras despesas», disse.
Alexandre Canelas referiu que o Girabola, em particular, acarreta muitos gastos, tendo revelado que as viagens e os jogos fora de casa representam grandes despesas para o clube do Rocha Pinto.

«Comparando com outros que têm indústrias a funcionar e quase não importam nada, aqui a realidade é diferente. Uma bola de futebol em condições não custa menos de 90 euros. Uma equipa como a nossa, só na equipa principal, importa anualmente 60 bolas. As viagens têm um custo enorme: um jogo fora de casa tem um custo de 30 milhões de kwanzas, enquanto em casa gastamos 5 milhões. Com a arbitragem, em casa, podemos gastar três milhões de kwanzas por jogo», explicou.
No entender de Alexandre Canelas, a TAAG deveria facilitar as deslocações das equipas, garantindo rotas diárias nos dias de jogo, dentro e fora de Luanda.

«A TAAG devia, pelo menos nos dias em que as equipas jogam fora, fazer duas viagens por dia. Assim, não teríamos motivos para passar a noite fora, reduzindo também os custos com a rede hoteleira. Estamos a pedir escalas adequadas ao campeonato», apelou.
Sobre as receitas financeiras do clube, que amanhã completa mais um ano de existência, Alexandre Canelas fez saber que o BIC e a SuperSport (DStv) retiraram a parceria que tinham com o clube.
«Perdemos muitos patrocínios. Nós, por exemplo, tínhamos o BIC, que deixou de patrocinar o desporto e, por esta via, também perdemos o patrocínio, que representava 10% do nosso orçamento. Perdemos a SuperSport, que, por razões que aconteceram aqui no país e que não vale a pena referir, deixou de nos patrocinar, representando uma perda de 20% do nosso orçamento», referiu.
A entrevista dada à TPA enquadra-se nos 49 anos de existência do Grupo Desportivo Interclube, que se assinalam nesta sexta-feira, 28 de Fevereiro.