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A redacção do Bola Em Campo procurou ouvir a Associação Nacional de Futebolistas Angolanos (ANFA) sobre a decisão do Conselho de Disciplina da FAF no “Caso Castro”. Igor Nascimento, presidente da ANFA, considerou vergonhosa a posição do Conselho de Disciplina da FAF, que, segundo ele, decidiu sem critérios a favor do Kabuscorp.
«Nós, da ANFA, achamos vergonhosa essa decisão do Conselho de Disciplina (CD) da FAF, um Conselho que decide sem critérios; num caso decide de uma maneira, em outros casos decide de outra maneira», lamentou.
Igor Nascimento diz não entender a posição do CD diante de uma irregularidade tão evidente.
«Como é possível que uma Federação registe um contrato que apresenta irregularidades? A Federação não tem um órgão que fiscalize os contratos entre jogadores e clubes para verificar possíveis falhas? Quer dizer, basta um clube chegar e registar o contrato e a Federação considera que está tudo bem?», questionou.
O presidente da ANFA apoiou-se na lei para criticar as fragilidades do CD.
«A lei é clara: quando se assina um contrato, todas as folhas devem ser rubricadas pelas partes. Como é possível a FAF registar um contrato onde todas as folhas estão assinadas, excepto a primeira, onde consta o período de validade? Quando isso foi notado, a solução não seria anular o registo desse contrato? Como o CD pode sugerir que o jogador faça uma participação ao SIC para verificar a autenticidade do contrato?», apontou.
Igor Nascimento recorreu ao “caso Vingumba” para evidenciar a falta de imparcialidade do CD.
«Em outros casos, foi o próprio CD que remeteu o caso às autoridades criminais competentes, como no caso entre o Vingumba e o Ferrovia do Huambo, que resultou na descida de divisão do clube do Huambo, assim como no caso recente do áudio. Por que, neste caso, o CD deixa ao critério do jogador?», questionou.
Com esta decisão do Conselho de Disciplina da FAF, Igor Nascimento alertou que «quem irá sofrer é o jogador, que fica sem jogar e sem salário para sustentar a sua família. Infelizmente, está cada vez mais claro que esta Federação nada faz pelo bem dos futebolistas. Se continuar assim, estamos à beira de mais quatro anos de sofrimento para os jogadores».
A área jurídica da ANFA vai reunir-se de emergência para avaliar a possibilidade de recorrer ao Conselho Jurisdicional ou, mais provavelmente, ao Tribunal.