É NOTÍCIA: ‘Do subúrbio de Paris a LaLiga’: Conheça a história de Randy Nteka

O médio franco-angolano do Rayovallecano de Espanha, Randy Nteka, consedeu uma entrevista prestigiada à estação televisiva espanhola EL MUNDO, onde abordou vários assuntos relacionados à sua...


O médio franco-angolano do Rayovallecano de Espanha, Randy Nteka, consedeu uma entrevista prestigiada à estação televisiva espanhola EL MUNDO, onde abordou vários assuntos relacionados à sua carreira e destacou o apoio do seu pai angolano para chegar ao futebol profissional.

Em janeiro de 2017, aos 19 anos, Randy Nteka desembarcou a Madrid com a única perspectiva de uma vaga na promessa de um representante inescrupuloso. Não tinha meios financeiros para garantir a sua permanência na capital, nem o aval de qualquer contrato. Seu agente, na verdade, nem o tinha visto a jogar. Contava apenas com as palavras de encorajamento do pai, camioneiro angolano que o criara na banlieu de Paris: «É agora ou nunca, Randy. “Vim fazer uma prova, mas nem sabia se ia ficar mais de uma semana. Para sobreviver tive de trabalhar na limpeza de vestiários, por 300 euros mensais», explica o futebolista francês, que amanhã vai pisar na relva do Santiago Bernabéu com a camisola do Rayo Vallecano.

A história de Nteka é a de um menino que vagava pelas favelas parisienses do norte, em Saint-Denis ao sul em Evry, e que se agarrou à bola como um antídoto para a violência e o desespero. É também a história de um imigrante desnutrido e pobre, alimentado com sanduíches no distrito de Carabanchel. «Minha mãe tentou me manter longe de problemas. Por isso eu sempre jogava futebol para evitar problemas, para fugir daquela vida ruim. Cada vez que saía de casa não tinha certeza se voltaria inteiro», disse Nteka a EL MUNDO, horas antes do jogo contra o Real Madrid. «Sempre quis compensá-la e a primeira coisa que fiz com meu primeiro contrato profissional foi comprar um carro para ela», acrescenta.

A espinha dorsal entre aquele inverno terrível de 2017 e este Mercedes foi tecida com as cores verdes e brancas do Betis San Isidro, a equipa de Madrid que recebeu Nteka em Madrid. «Ele ficou sem opções com o fecho do mercado e o agente dele, que conhecíamos por trabalhar no mercado africano, nos chamou. Assim que o vimos, percebemos que não era um jogador qualquer, seu nível era muito mais alto», diz Pablo García Rojo, dirigente do clube histórico, que sobrevive como todos os da sua categoria, entre a precariedade e o equilíbrio.

Os seus jogadores de futebol, a nível amador, não cobram um euro. Portanto, Nteka também não seria uma exceção.

«Nós o ajudamos o melhor que pudemos. Oferecemos a ele uma das nossas bolsas para que ele pudesse pagar por um quarto compartilhado. Dissemos para ele cuidar um pouquinho de tudo, desde a entrada do estádio até a limpeza das instalações», detalha sobre o dinheiro que, claro, veio das mensalidades. Até mesmo os gerentes muitas vezes eram forçados a ajudar do próprio bolso.

«Eu queria voltar para Paris. Depois de dois meses liguei para o meu pai dizendo que não aguentava mais. Naquele momento, estava convencido de que o futebol não era para mim. E eu não ia sofrer por isso, porque tinha família ao meu lado. No entanto, ele insistiu que eu perseverasse, porque estava convencido de que a minha hora chegaria».

Hoje, a vida de Nteka é a de uma figura emergente da La Liga, onde marcou três golos e duas assistências em 12 jogos. Um meio-campista a chegar com uma passada estrondosa e 1’89 centímetros de altura. «Com quem mais aprendo em cada treino é com o Radamel Falcão porque este ano estou a actuar muito na posição ‘9’. Também adoro jogar ao lado do Óscar Trejo, porque ele é um daqueles jogadores que sempre que tem a bola acontecem coisas. Porém, nem mesmo esta viagem a Vallecas, febril com uma equipa que tem quatro pontos a mais que o Barça, tem seguido o rumo habitual.

«Quando morávamos em Saint-Ouen, meu pai apontou para o Estádio de França e me disse que um dia jogaria lá», lembra ele. «Naquela época eu idolatrava Thierry Henry, mas se hoje tenho que dizer a vocês um jogador de futebol com quem gostaria de ser parecido, não tenho dúvidas: Zinedine Zidane», conclui Nteka.

Todo direito: EL MUNDO.

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Marcos Olgário

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